O Video integral desta aventura
Cada pessoa tem uma história
e um sonho. Enquanto não chegam os dias que precisamos para dar a volta ao
mundo, começamos com os poucos dias de férias a fazer grandes viagens.
Esta é a forma que encontrámos para ampliar o nosso horizonte e tomar o pulso à vida.
A
caminho da Islândia
28Ago12 – Keflavik –
Selfoss 2 Cataventos à solta na Islândia
Nós movemo-nos como este
vento que corre livremente por este país gelado. Tão a Sul quanto é possível
nesta latitude, percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e
impressionante vento que nos derrubou por diversas vezes.
Ele não deixa saudades,
apenas ficam marcas e recordações. Por momentos sentimo-nos transportados para
o outro extremo do mundo na Patagónia onde os 8 meses que separam estas 2
aventuras, não chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou.
Por todo o lado nota-se a
natureza intocada com pouca vegetação, os tons escuros dos solos vulcânicos e
muitas rochas de lava cobertas de musgo.
O momento do dia foi junto
da Lagoa Azul, um dos pontos mais turísticos da Islândia. Nesta área geotermal,
famosa pela temperatura das suas águas, enquanto uns tomavam banhos termais,cá
fora nós tremíamos de frio enquanto registávamos o momento para a eternidade.
29Ago12 Selfoss-Selfoss –
Atrás das montanhas em busca do Circulo de Ouro
Há muito que este país abriu
as portas para o mundo. Aqui há natureza selvagem e é proibida a entrada a quem
não tiver vontade de a apreciar e respeitar.Impressiona percorrer vastas áreas
sem lixo ou painéis publicitários
Continuamos a Sul. Selfoss é
uma perfeita paragem antes de viajarmos para o interior das highlands e
conhecermos a cascata gullfoss e o geysir.
Hoje o dia foi programado
para viajarmos sem bagagem. Era uma volta circular que nos levava para lá das
montanhas até à fenda onde a Islândia de equilibra.
No parque nacional de
Pingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenómenos naturais desta ilha.
Aqui é o local onde se separam as placas tectónicas americana e euroasiática
criando uma fenda que se afasta 2cm por ano.
30Ago12
Selfoss-Laugarvatn-Geysir-Gullfoss-Fludir_Árnes
Qualquer que seja a direcção
do nosso olhar, continuamos a contemplar paisagens de esmagadora grandiosidade
que nos preenchem a cada dia que viajamos por este território tão perto do
Circulo Polar Ártico.
Este último pedaço de terra
virgem da Europa, marcado por exigentes condições de vida, consegue surpreender
e oferecer cenários intocáveis.
Só hoje vimos um saco de
plástico perdido, preso no arame de uma vedação. Poucas marcas existem da acção
do homem, ao invés, os fenómenos geotermais multiplicam-se.
Percebemos agora porque chamam
de círculo de Ouro ao geysir e à cascata Gullfoss? O turismo mais valioso chega
em inúmeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas “extra size”.
Não épreciso chegar a este
hot-spot para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo. Em povoações
com pouco mais de 4 casas, é possível ver-se a terra em plena actividade diante
dos nossos olhos e sentir-se covidado a ocupar todo o espaço aquecido.
Laugarvatn, Fludir ou Árnes,
todas são um território mágico onde o tamanho não conta e os limites que
existem são impostos pela nossa imaginação.
Estas aldeias não brilham
mas valem ouro. Ainda estamos a 20 quilómetros mas já passaram mais de 10h
desde que saímos. É tarde e não vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4
dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares.
A ementa para tantos dias
corre velozmente na minha mente. Compramos tudo o que julgamos vir a precisar,
mas antes, percorro corredores, vasculho prateleiras, tenho hesitações…
Calei o medo e peguei na bicicleta.
31Ago12 Árnes – Rest day
As previsões do início da
semana apontavam para um mau dia.Era uma “black friday” confirmada hoje à hora
da aurora. Chuva, vento e um cansaço acumulado fez-nos adiar o salto para o
desconhecido.
Um amigo lembrou-nos num e-mail
para não nos esquecermos que estamos de férias…
01Set12 Árnes – Highland
center
Damos hoje a primeira
pedalada de aproximadamente 300 quiómetros em direcção ao centro da Terra,as
highlands.
Para muita gente, viajar
significa ir ao encontro daquilo que procuram. Nós que viajamos com a bicicleta
e em autonomia, sabemos que o destino está traçado mas é incerto. O encontro
com o inesperado é muitas vezes algo que acotnece com frequência.
A consulta da meteorologia
no dia anterior não dispensa a que fazemos antes de partir (os ventos têm
variações incríveis de direcção e intensidade em poucas horas).
Foi uma noite mal dormida
devido à ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer. Sabemos que cada
quilómetro que andamos, começa uma nova aventura.
Não podíamos esperar
mais.Saímos do Youth hostel debaixo de chuva tendo como esperança alguma falha nas
previsões meteorológicas para as horas seguintes.
A expectativa de estarmos a
avançar para vermos as cascatas de Hjálparfoss e Haifoss, servia-nos de consolo
e alento durante a longa extensão de solos escuros “manchados” de um verde que
eu diria muito típico desta região.Insípidos e molhados desde cedo, buscamos
abrigo no hightland center.
E porque hoje faço anos,
tudo o que desejo é horizonte para pedalar. Com a bicicleta eu encontro o
equilibrio para viver.
02Set12 Highland center –
Nyidalur hut
Toda a ilha é uma zona livre
de stress, quando percorremos a fantasmagórica Sprengisadur route (F26),
percebemos que estamos livres de tudo, até do nosso juízo.
A nossa ambição quando
tracámos esta rota era atravessarmos o país de sul para norte e passarmos entre
os glaciares Holsjokul e Vatnajokull.
A natureza pode ser
simultaneamente dura, delicada e cruel como foi ontem, mas foi generosa
connosco hoje. Permitiu-nos ver a paisagem de cascalho solto, nua, sempre do
mesmo tom castanho escuro.
O silêncio ganhou espaço até
ao momento que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut)
03Set12 Nyidalur hut – rest
day
Nem pensar em cruzar a delicada
porta do abrigo. Lá fora está tudo muito diferente do que estamos
habituados e por isso mantivémo-nos no
hut de Nyidalur (na base do vulcão Tungnfell) durante 2 noites por segurança. O
fogão está sempre aceso e tem uma enorme panela com água pronta a aquecer quem
chegue.
Para que possamos variar do
esparguete e noodles (já não há muito), vamos – tentar- fazer pão. O resultado
da nossa experiência a juntar ingredientes com nomes impronunciávies em que
íamos provando para perceber o que era, deu num cruzamento ente o pão e o
rissol. O duo de motoqueiros que dividiam o hut connosco repetiram. Significa
que inventámos mais um pastel, falta só dar um nome…
O Ranger do Parque Nacional
acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmos malucos por estarmos
nas highlands nesta época. Além disso, avisou que vai haver tempestade para
esta noite e amanhã.
04Set12 Nyidalur hut-rest
day
Lá fora estão 0ºC e as
bicicletas encostadas, imóveis, sujeitas a mais um teste de resistência.
O nosso passatempo é assar
batatas, ver quem passa e a forma como transpõem o rio. A nossa vez de partir
vai chegar, ainda não sabemos é quando. Para já, passa a 3 noites…
05Set12 Nyidalur hut -
Laugar
O som do vento acorda-me muito
cedo e era semelhante ao dia anterior. Se a direcção se mantivesse de norte,
significava mais um dia perdido. Inquieto, dirijo-me até à janela para observar
o único ponto de referência no exterior, uma bandeira chicoteada pelo vento
vindo de sul.
Estava dado o sinal de partida
para mais do que uma maratona nas highlands. Ao longo do caminho, a neve
mantinha-se por vastas áreas, e o vento empurrava-nos ao mesmo tempo que nos
congelava as extremidades e queimava a pele.
Foi uma benção a ajuda do
Ranger para transpormos 2 rios em segurança sem nunca nos molharmos. A água que
nós e os Islandeses bebem vêm de rios como estes sem qualquer tipo de
tratamento.
Depois de olharmos este
mundo agreste em cima de uma bicicleta e de estarmos juntos da cascata dos
Deuses (Godafoss) na ring road, mais uma vez sabemos que são incontáveis as
pedaladas, as histórias e os medos que tivemos até chegarmos a um lugar seguro.
Optámos por um mimo para as
próximas 2 noites e vamos dormir numa guest-house que tem no exterior um hot
pot onde podemos “ficar de molho” várias horas numa água que vem directamente
das entranhas desta terra.
06Set12 Laugar – Lago
Myvatn- Laugar
Foi tanta a privação nos
dias anteriores que hoje sonhámos com o pequeno almoço que teríamos pela manhã
antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn. Este lago imenso e a área
envolvente são um dos grandes tesouros europeus.
Durante a nossa volta
circular, toda a paisagem é surreal. Lava, fumo a sair da terra, crateras, água
e montanhas vulcânicas.
Há muitos dias que
transportamos os fatos de banho na pequena mochila que vai às costas na
esperança de um banho quente em qualquer charco inesperado. Hoje tivemos o
nosso primeiro hot pot. Eles são um must nesta região (é como estar num jacuzzi
no meio da rua com um cenário deslumbrante).
07Set12 Laugar – Akureyri
Isto de pedalar com vento não
tem graça nenhuma, especialmente porque não se consegue ter momentos de
contemplação parados.
Em dias assim eu sou a ponta
da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na
roda. Acabar é uma vitória mas não existe glória quando se chega ao fim.
Akureyri é a capital do
norte e a 2ª cidade maior do país com 18000 habitantes. Civilização sitiada num
fiorde rodeado de cumes nevados, uma escolha acertada para ficar 1 dia a
descansar.
08Set12 Akureyri – rest day
09Set12 Akureyri- Varmahlíð
Mesmo a pedalar sobre a
route1, os grandes horizontes continuam a fazer parte desta viagem. Andamos
pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas águas que escorrem
incessantemente das arribas que nos flanqueiam.
Podia afirmar que estou eufórico
diante das infinitas possibilidades que tenho pela frente, mas não estou.Novo
aviso de tempestada acompanhada de ventos fortes(23 m/s), não convida a grandes
aventuras.
Por hoje não precisamos de
nos preocupar, estamos bem abrigados numa quinta na aldeia de Varmahlíð com 130
pessoas.
10Set12 Varmahlíð – Rest day
Parece que o Inverno veio
todo num só dia e pintou tudo de branco. O supermercado está a 300 metros mas é
como se fosse uma miragem. Temos mais um dia de paragem forçada.
O nevão ganha cada vez mais
terreno à medida que as horas avançam. A estrada está interdita à maioria dos
veículos e por precaução as pessoas são aconselhadas a procurar alojamento.
Em pouco tempo, a senhora
Inda de 81 anos que há poucas horas atrás parecia ter uma vida pacata a
cochilar no seu sofá, mostrou-nos como é uma verdadeira mulher do norte.
Enquanto nos convidava para
um lanche com bolos caseiros, mostrava orgulhosamente os álbuns de família;
recebia os turistas que iam chegando e quando a lotação esgotou, pegou no seu
jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar.
11Set12 Varmahlíð – Saeberg (hostel)
Esta aventura já foi longe
demais. Temos metade da quilometragem que planeámos, centenas de peripécias e
riscos incalculados e só nos apetece chegar à capital.
Lá fora, tudo continua
branco e a abanar, no entanto existe a necessidade de arrancar. Estamos
confiantes nas previsões para o dia de hoje, mesmo quando aquilo que vemos, não
inspira confiança.
Será um risco calculado
pedalar sobre um manto branco sem saber o que vem a seguir? Eu acredito que
quando coloco o pé no pedal com fé, tudo o resto se movimenta.
Começa a nevar, começa a
montanha…Vários carros estão soterrados nas bermas, os flocos voam, magoam as
faces e a subida ainda vai no início.
Metro a metro vamos quebrando
o gelo, quem passa, tira fotografias e fica incrédulo. Nós também.Não sabemos
como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestação da natureza. As equipas de
emergência patrulham a área e nós fazemos “like” sem nos apercebermos que as
descidas se tornariam autênticos escorregas.
Pedimos boleia e somos
resgatados até ao nosso destino. Está um sol maravilhoso e as vistas são
lindas.A vida é tão bela, porque será que ando de bicicleta em sítios tão
difíceis?
Pronto!!! Depois de 1h
dentro de hot pot, já percebi porque não fico em casa. A minha casa é onde está
o meu coração.
12 e 13Set12 Saeberg –
Borganes - Reyqjavik
Estamos a oeste mas o nosso
sentido é cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial.
O isolamento e a ausência da
mão humana continuam a ser uma das grandes referências deste país. Os
horizontes até Borganes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que já
vimos noutros lugares.
Mais um dia.É provavelmente
o único em que vamos pedalar menos de 100 quilómetros pelo menos esta é a
indicação do track e da sinalização existente.
Decorridos 2horas a pedalar
na ring road e já perto de Akranes surge-nos outro imprevisto. O túnel sob o
oceano está interdito a bicicletas obrigando a um desvio superior a 40
quilómetros. Não foi um balde de água fria porque molhados já nós estávamos.
“Contornar” o fiorde
psicológicamente foi uma árdua tarefa. O apelo ao desânimo sobrelevava-se
relativamente à acção de continuar a fazer girar os pedais. São únicos e ficam
para sempre os momentos em que o “mundo” que existe em nós, jamais nos deixará
presos naquele local.
Reyqjavik não está isolada,
não está no topo de uma montanha e nem sequer há nada de extremo nesta cidade
excepto as vias de comunicação que lhe dão acesso.
As faixas de rodagem em
driecção à cidade e a sensação que temos em cima da bicicleta é a de estarmos a
pedalar numa auto-estrada.
A capital não nos cativa, é
exageradamente cara e parece viver só de noite.
14 Set12 Reyqjavik –
Keflavik
Felizmente que as imagens
que estamos a ver e que são iguais ao primeiro dia, representam apenas uma
pequena amostra deste país. Não há árvores, não há rios, não há vales, apenas
uma rugosa paisagem lunar fruto da forte actividade vulcânica nesta península.
Até ao aeroporto já não
contamos observar tudo aquilo enche as brochuras e panfletos que se podem
encontrar e consultar espalhadas por qualquer parte desta linda ilha. Resta-nos
pedalar.
1 comentário:
Realmente deve ser uma bela viagem para fazer, mas você também tem que ser bem treinado para fazer eu acho que eu faria sem muito esforço, talvez, eu, eu vou tentar, se eu conseguir um Aluguel apartamentos buenos aires
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